Monday, September 28, 2009

"Suspected Muti Killing" (Suspeita de Homicídio Muti)

(Artigo de: The Phoenix and Verulam Sun Vol.7 No.30 – 30 de Julho de 2009. África do Sul)

Durante a pesquisa da Liga dos Direitos Humanos (2008), verificou-se que a genitália masculina foi a parte de corpo mencionada mais vezes durante as entrevistas.

Os agentes policias entrevistados disseram que havia vários casos de corpos que eram encontrados com partes de corpo em falta, no entanto, segundo estes informantes, estas partes de corpo nunca são encontradas “Mas há muitos casos em que os órgãos humanos são extraídos mas nunca encontrados [...] Nós encontramos muitas vezes corpos sem órgãos ou partes de corpo” (MZ_Na_GI_2).

Quando os informantes entrevistados nesta pesquisa forneciam um exemplo de um incidente onde partes de corpo haviam sido levadas ou encontradas, estes eram questionados sobre a sua opinião acerca do uso destas partes de corpo. Dos 62 informantes que escolheram responder a esta pergunta, 93% acreditavam que estas eram para serem vendidas ou usadas para actividades relacionadas com feitiçaria e muti. O objectivo do uso de partes do corpo nos chamados “homicídios muti” é criar uma medicina tradicional poderosa baseada parcialmente em partes humanas. A medicina tradicional tem uma larga gama de propósitos como por exemplo curar doenças, ajudar a progredir economicamente ou prejudicar os inimigos.

Como parte das práticas muti, alguns feiticeiros fazem uso das chamadas “medicine murder” (mortes por medicamentos tradicionais) ou “homicídios muti”, onde as partes de corpo são removidas dos corpos de pessoas vivas. A intenção não é matar as vítimas como tal, mas espera-se que estas morram devido aos ferimentos infligidos (Ashforth, 2005). Os feiticeiros possuem uma enraizada crença de que as partes de corpo são vitais para que o muti funcione, e é necessário que as vítimas sejam desmembradas enquanto ainda vivas. Acredita-se que os gritos das mesmas tornam o medicamento mais poderoso, na medida em que acordam os espíritos e transmitem-lhes poder. É desta crença que resulta que as vitimas sejam mutiladas enquanto vivas (Griffin et al 2004, Labuschagne 2004). Durante esta pesquisa foram feitos alguns relatos de vítimas que estavam vivas quando as partes de corpo foram extraídas, no entanto um certo número de vítimas mencionadas na pesquisa foram assassinadas e as partes de corpo foram retiradas após a sua morte. Uma médico que foi entrevistado em Moçambique disse “A genitália foi retirada com um golpe bastante preciso, ou provavelmente dois golpes, um de cada lado e assim extraída a genitália. Isso foi feito depois da pessoa já estar morta […] não tinha sinal de sangramento. O que significa que ela estava morta quando a lesão foi feita” (MZ_MC_I_2).

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